19.5.16

A agenda

Esses dias uma pessoa me add no facebook falando que estava com a nossa agenda... Fiquei muito surpresa porque pensei que nunca teria noticias dela. Fiquei mais feliz ainda com a postagem fofa e entusiasmada que ele fez. 



A ideia da agenda não foi nossa... Recebemos ela quase em branco (com apenas 4 postagem). Pensamos que essa era uma ótima ideia e botamos umas cores na primeira página, seguida de uma explicação sobre ela (já que o primeiro dono da agenda não fez).

Talvez algumas pessoas entre aqui em busca de noticias sobre a agenda ou até mesmo por mera curiosidade sobre os que escreveram nela.  Sempre que tiver alguma noticia sobre o seu paradeiro irei postar. 






Alguns esclarecimentos sobre o blog


Em 2013 procurei um anuncio de vaga em republica estudantil e achei um apartamento próximo a universidade em que eu estudava. A casa era aconchegante, limpa e com decoração das áreas em comum não era uma imposição mas sim um pedacinho de cada um que morava ali. As pessoas eram maravilhosas, a troca era boa, as conversas de noite, a convivência.  Aprendi muito nessa casa. E uma das coisas que sempre me fazia rir era quando diziam " imagina o que a dona Vera ta pensando da gente ouvindo isso... ". Dona Vera era uma vizinha simpática que morava no apartamento ao lado do nosso. No começo ela reclamava do barulho, mas por algum motivo ela parou de reclamar. Nunca sabemos se ela se acostumou com a gente ou se realmente passamos a ser bons vizinhos.

Tivemos histórias bem loucas, situações inusitadas, visitas que  vinham carregada de energia única. O que me fez entender que a graduação vai além do espaço sala de aula e professor. Ela ta nos corredores, no pátio, bandejão, nas conversas no bar e dos amigos que chegam carregados de energia, historias, lições, bagam de vida. Estudar em uma grande universidade foi uma sorte,  me  transformou, transformou quem eu vou ser daqui pra frente. Me possibilitou morar com pessoas de outros cursos e isso foi parte desse aprendizado além sala de aula. Eles me trouxeram novas ideias, perspectivas, me ensinaram a ser mais paciente com o outro, respeitar os espaços, partilhar.
Esse blog era pra ser como a agenda, um espirito livre, um confidente, amigo de surto dos moradores e visitantes fixos (os que ficavam mais tempo na república do que alguns moradores).

Cheguei a achar que deveria ter melhorado muitas coisas no blog, ter feito um design melhor ou que a ideia tava mal explicada... Quis organizar, quis mais ideias e ideais, tivemos algumas brigas por isso, por divergências. Eu tava tão encantada com essa nova possibilidade com essa ideia de blog coletivo, arte, literatura e escrever, que defender meus ideais era não deixar o blog se apagar.

Sempre tive muita dificuldade em escrever, tenho muitos erros bobos de português, meus textos são confusos e ter o blog Vera  foi também parte desse aprendizado, além da estética,  da poesia, arte gráfica, foi mais  que uma vontade de "viralizar" de se tornar uma modinha digital, foi uma chance de me sentir parte de algo. Foi uma chance de me despir, de expor minhas falhas e crescer, aprendendo com o outro, com os que aqui passaram. Eu me expus do começo ao fim, abri meus sentimentos minha casa, expus meus erros, minhas incoerências, minhas falhas gramaticais, meus caos interno. Gritei para o mundo que eu era escritora, mesmo que de textos tão fora dos padrões que chega ser uma ofensa grosseira aos "verdadeiras" escritores.


Obrigada a todos que fizeram parte dessa etapa. Meus amigos que sempre leram pacientemente meus textos e me ajudaram a melhorar.

 Eu me formei, a vida tomou outro rumo, não moro mais em republica. Senti que era hora de deixar a Vera ser um espirito livre e seguir também.

Esse blog vai ser sempre uma lembrança boa. E se algum dia alguém encontrar a garrafa que ajudamos a lançar ao mar e quiser reler nossas histórias lembre-se: Elas não tem pé nem cabeça, uma confusão só, algumas delas estávamos com a consciência alterada, mas tem muito carinho e lembrança em cada postagem. Cada postagem é matéria bruta de um sentimento que rondava a data que a postagem foi feita. A semana de amor platiônico,  a semana de reencontro com ex, de começo de namoro, termino, final de monografia. É só a gente, tentando se encontrar.


https://medium.com/@karinemaia






2.2.16

Mudança de endereço

O Vera vai ser sempre o Vera, mas preciso de uma casa maior para organizar meus textos e posta-los com mais frequência.

Pra quem quiser continuar lendo meus contos é só acessar https://medium.com/@karinemaia

Prazer a todos pelos anos de aprendizado!


Luz


Karine Maia

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23.1.16

Garota tóxica

Pegou o maço de cigarros na prateleira do quarto, foi até a janela e o ascendeu.

A sensação era imediata, calma, leveza, saciação  anestesiante.Os pássaros pousavam na janela do vizinho do prédio da frente, observava as outras janelas: uma senhora cozinhava feijão, um homem estendia a roupa, janelas fechadas, entre abertas, apartamento vazias. Observava a vida seguir o cotidiano, esse era o seu segundo, de relaxar, de observar, de sentir, de saciar-se. Apagou o cigarro e fingiu esquecer que um dia o fumou. 

Alguns dias passaram, ela entrou no quarto em uma mistura de tédio e desespero. Procurou na prateleira seus cigarros, o evocou porque precisava sentir, precisava sentir outra vez. O cigarro pegou a garota, ateou fogo, ela era tóxica. Foi até a janela e tossiu, socou o peito, abandou-a no cinzeiro  e fingiu esquecer que um dia a fumou




Análises


Sem sombra de dúvidas são análises de um ponto de vista muito especifico.

O ponto ou o lugar de quem o observa. O que tenho de empírico – mais concretamente possível – além da minha própria maneira de entender o mundo? Como posso eu dizer tão incisivamente quem es, sem que isso ponha-se a prova de quem realmente es?

De que lugar te falo? Falo de dentro, minhas sensações, traumas, felicidades, aventuras, inúmeros traços, conjunto de pedaços de histórias que se confugiram em um arranjo doido de uma vida incrível. Na minha cientificidade de fatos míopes, que tem seu ponto de origem no “uma vez vi”, “uma vez senti”, “uma vez vivi” situações muito semelhantes, cujo resultado, prazer, Karine Maia. Criamos esse conjunto de regras próprias bem estruturadas dentre de nós por uma simples resposta: ninguém quer sentir dor.

Lembro do primeiro dedo enfiado na tomada, por mais que as advertências dissessem “-não mexa ai” e o choque correndo pelo meu braço em uma dor estapafúrdia, a cor da tomada, a temperatura do ambiente, o dia ensolarado, a casa, o cheiro de domingo, meus pais correndo pra me ajudar, também fazem parte das lembranças de quando entendi o significado de eletricidade. É impossível pensar nessa dor única sem reviver todas essas estruturas, parte do aprendizado sobre o fato. Ai eu amei pela primeira vez e o olhar dele de “não” se ligava a uma forma única que ele também aprendeu sobre algumas advertências: um beijo mal dado, uma garota que chorou, um pai enfurecido, eu ali absorvendo e me estruturando também, agora essa expressão única de “não te quero”, que nasce de formas que eu jamais entenderei, passa a ser uma expressão que sei ler perfeitamente, mesmo sem saber o que é plenamente.

Quais são suas estruturas? Eu não sei. Talvez nem você mesma saiba e a forma de ignorar, amar, simpatizar, inúmeras inumares, seja a mesma forma que aprendeu de alguém que aprendeu de alguém nesse jogo infinito de relações que agora é parte de você.

   Homossexualidade, bissexualidade, o que isso significa além da minha imensa vontade de querer você? O que isso significa além da sua manifestação de também me querer? Somos efeitos colaterais de todos esses choques, amores, amar, um desejo tão louco, insuportavelmente bom, desde os primórdios dos primórdios. Mas alguém - em algum ponto da história - disse “-não pode acontecer”, talvez uma reação da reação, da expressão de querer alguém que queria alguém que nunca poderia ter, agora a cá estou evocando todos os meus ancestrais mortos: - me deixe ser livre, a mulher e a outra mulher em um desejo multou e insuportavelmente bom.      


Algumas pessoas tem uma facilidade cognitiva de absorver os “não”, mas, acredite, não conheço uma só pessoa, por mais obediente e cuidadoso que seja, que nunca tenha tomado um choque. Essas coisas acontecem. A moça atravessa a rua e viu o cara, o mais magnifico dos caras que pensou nunca poder querer, a moça liga o rádio e ouve uma mulher cantar, o moço da banca de sorvete vê o moço que compra o sorvete, a aleatória age como sempre agiu, desejos que nascem e crescem e todos os “-naos” são postos a prova.  

p.s.: texto inacabado 

20.1.16

Chovia gotas espaçadas no céu branco manchado de cinza. Pensei que talvez fosse hora de ir para a biblioteca outra vez. Pensei ser, peguei uma garrafa de água, meus livros, levantei a barra da calça e abri a porta apressada. Era um prédio com vários blocos em seu quintal como sobrados e puxadinhos em terreno de família grande. Caminhei alguns metros, sentei no banquinho do play esperando a chuva passar.

Eu estava sozinha outra vez. O celular na mão sempre dá a impressão que estou imersa em festa com o mundo inteiro.

Vibrava e vibrava e ela me fazia perguntas outras vez.
Eu criança corria pela vastidão do quintal do prédio. Atrás da pilastra me parece um bom esconderijo. Você contava:

- 1, 2, 3... pode ir?

Eu em silencio esperando que fosse, que  me achasse dessa vez sem que eu precisasse dizer uma só palavra. Queria senti-la de longe olhando, tentando identificar se aquilo era uma pessoa ou não e se fosse talvez pudesse ser eu. Talvez estava predestinado a ser eu, nesse segundo, nesse ano, nesse século, como um humano, a mulher que em seu ventre dá play ao ciclo da vida, te espero incansavelmente para a próxima melodia, mais um começo.  

Suas perguntas estão aqui, como quem diz em uma brincadeira de pique esconde:
- Acho que tem alguém ali escondido atrás da pilastra. - Se aproxima, sei que encontrou meu esconderijo dessa vez.

 Quer saber quantas vezes alguém quebrou meu coração? Quantas vezes eu mesma fui o próprio desastre de alguém?  Quer saber com quem eu me deitei semana passando e de olhos fechados no escuro só conseguia enxerga você e tudo me saltava a cabeça:

 - Essa menina é uma furada, uma farsa, ela achou meu esconderijo e eu nem de longe a vejo, nem sei quem ela é.

Quer realmente saber? Está a um triz de tudo, um triz de me perder, um triz de se perder, a um triz de perdemos juntas as próprias cabeças. Estou gritando:

- NÃO ME PERCA, VAI VALER A PENA . ! ?


O que faço se gritar contigo é como evocar meus fantasmas e chama-los para um grande duelo, onde uma só pessoa poderia sair viva? Mas eles são só fantasmas, sombras de um contornos mal definido. Não os vejo, não te vejo, lanço vários golpes a esmo que parece não acertar ninguém. Estou cansada de joelhos implorando para que me mate porque eu já perdi essa luta. Implorando, rindo gargalhando porque perder é ganhar outra chance andarilha de recomeçar, seja lá onde for. 

12.1.16

o que aprendi com david bowie

morreu ontem david bowie. estranho, um dia de despedidas já estabelecidas, sabe, ele estava velho, dias antes lançara seu último clipe, quase um testamento, quase um até logo.




david bowie foi um desses artistas que me tocou de um modo deveras estranho. antes de ser seu fã, já entendia de antemão que tinha uma mensagem forte a ser passada, pensava, compreendi logo que sua voz e seu ritmo provavelmente me marcariam. eu, no entanto, não procurava saber mais que isso. talvez arrogância, quem sabe preguiça, a questão é que me acomodava bem apenas esse vago sentimento de empatia, bastavam-me esses pequenos laços criados por ele.

foi quando visitei sua exposição que tudo mudou.

mudou, primeiro, porque estava em berlim, céus, que cidade incrível, é virtualmente impossível não adorar o bowie depois daquela exposição naquela cidade naquele contexto com a melhor compania possível (beijo, lucas). suas roupas, seus cenários, seus rascunhos e pensamentos, sua trajetória e suas fãs, tudo dizia: DAVID BOWIE É.

desde então sua música passou a ter um sentido próprio em meu âmago. não sei explicar (quiçá ninguém saiba), apenas parecia-me correto demais escutar buddha of suburbia ao cruzar a baía de guanabara todas as manhãs a caminho da faculdade, ou starman no metrô, ou heroes no final de domingo enquanto lia-se qualquer blog internet afora.

foi david bowie quem me mostrou, de um jeito que nunca havia entendido, que eu posso, sim, ser quem eu quiser. talvez não materialmente, esse vago parâmetro humano de existência, mas sob uma forma ainda mais efêmera e, por isso mesmo, com tanta força: posso imaginar-me como quiser eu.

porque se visto uma roupa ou tiro uma foto parte de mim se esvai, parte de mim agora é capaz de comunicar-se com outras tantas pessoas que também querem se comunicar. o jogo de expressão ficou tão mais consciente após entender bowie e sua excentricidade, a vida cotidiana pareceu-me cada vez mais compreensível e aprisionante, cada vez mais podia sentir, com meus olhos, que a chave para a libertação está dentro de nós protegida pelo manto da silusões socialmente construídas - e, por isso mesmo, tão fascinantes de serem destroçadas.

com bowie eu comecei a me soltar e me sentir solto. com bowie eu passei a esperar algo a mais, algo de mais fascinante do que a prisão mental na qual nos condicionam. com bowie eu aprendi a enxergar mais que muitos livros, a escutar mais que muitas esculturas, a voar com palavras, a pensar em sujeitos.

http://manifestacoes2013.corgiorgy.com/



bowie entrou para a história, mas eu sei que, sendo tão bowie quanto bowie, possivelmente não entrarei nesta linearidade temporal que criamos para dar sentido ao tempo.

crio minha própria cadeia de eventos que se subtraem e multiplicam a experiência espaço-sensorial e nem por isso sou menos bowie que bowie. faço-me bowie na medida de meus desejos, torno-me bowie na consequência de meus esforços.

obrigado, bowie, pelas lições. seguimos.






update 20/01

a warner mandou retirar o video acima disposto na postagem. talvez queiram tirar dinheiro da morte de bowie vendendo arquivos em mp3



31.12.15

Como escrever poesia?



Há algumas estruturas, talvez sonetos, estrofes
Eu não sei, minha mente viaja inquieta nas aulas de literatura
Imagens que se deslizam como notas de musica
E tudo se colore de sons enquanto rezo para que essa seja a forma certa de se entender o mundo
É preciso passar nos testes
Era  manhã de verão, alguns anos já haviam passado, corria para pegar a barca das 8
Já não preciso mais aprender sobre literatura mas os testes ainda estavam aqui.

A porta da sala de aula emperrada e o meu terrível jeito estapafúrdio de resolver problemas

- Me desculpem pelo barulho e sorri
- Você esta atrasada. Não pode mais fazer a prova.
Olhei para o celular e não vi as horas mas uma mensagem.
- Tudo bem -  respondi indo embora sem importar

Era noite quando outra mensagem chegou e outra enquanto era cinza e a chuva respingava do céu. Era pôr do sol parada no sinal vermelho checando se havia mais alguma mensagem. Fazia sol e eu me maquiava para ir a um casamento olho o celular para ver as horas mas não há mensagens e eu nem sei que horas são. Era noite, sento na cama meio bêbada, sorrindo lia as palavras em forma de som e imagem. A conversa era de dentro pra fora tão estapafúrdia quanto eu e rezo para que essa seja a forma certa. Ela desabrochava nas fases da vida em outro canto da cidade , a entendia porque desabrochava também.

Nosso encontro foi em um jogo de sorte. Esses que você aposta em um número e roda a alavanca esperando que as combinações sejam as suas. Os algoritmos calculam a posição, preferências, a interface projeta cores e cores de um sentimento doido de proximidade distante.  
Não sei seu sobrenome, nem que perfume te veste. Talvez sentada no sofá, talvez correndo para não se atrasar, ou em uma lanchonete que jamais entrei, ela abrindo minhas mensagens e sorrindo em uma curiosidade que sempre a faz voltar.

Ela também não sabe o tom da minha pele. Me inclino pra frente e levanto a mão lançando minha projeção no espaço. Ela captura meu gesto e o celular vibra.  
Era um pedido para o ano que teima em entrar. Seja onde estiver te desejo a mesma sorte